Dono de um gênio indomável, sentimentos opostos dividem opiniões sobre Fernando Diniz, o novo técnico do Fluminense.
Apesar de Fernando Diniz ser conhecido por uma forte personalidade e gênio explosivo, suas diversas ações demonstram um lado humano, sensível e raro em relação ao futebol.
Está muito claro através de suas declarações que é de tarefa significativa e valiosa para o treinador, influenciar e moldar as qualidades psicológicas e sociais dos jogadores. Um fator de extrema importância e de grande necessidade para o nosso futebol, não é mesmo?
Não a toa, Fernando foi estudar e se formou em psicologia pela Universidade São Marcos em São Paulo, para que pudesse entender melhor o comportamento de seus jogadores.
Fernando Diniz é o novo técnico do Fluminense https://t.co/Oh4R5epTYL pic.twitter.com/QMovas9i84
— ge (@geglobo) December 19, 2018
ALÉM DO CAMPO
O jogador Lucho Gonzales envolvido em polêmica com sua mulher chegou a ser afastado do Atlético-PR. Logo após a conquista da Copa Sul-Americana, o jogador declarou em entrevista coletiva que Diniz e o zagueiro Paulo André, “intercederam por sua permanência”.
Vale lembrar, Lucho foi um dos principais nomes do Atlético-PR durante a conquista da Copa Sul-Americana 2018.
Nesse sentido, é de se pensar, quantas vezes alguns jogadores teriam melhorado sua performance se tivessem sido compreendidos e valorizados além de seu rendimento em campo?
Infelizmente, o jogador na maioria das vezes é tratado como uma estatística. Assim sendo, quantos “Adrianos” poderiam ter prolongado sua carreira se questões mais profundas fossem tratadas com cautela?
“Ninguém nunca disse que perdeu uma partida porque esqueceu como correr ou chutar a bola, as razões pelas quais as pessoas perdem são mentais, não físicas ou técnicas”. Vincent Walsh, neurocientista da Universidade de Londres.
UMA NOVA CHANCE
Após maus resultados a frente do Atlético-PR a contratação do técnico pelo Fluminense gera desconforto em alguns torcedores, mas também esperança em muitos. Qual seria a explicação para tal contratação? Talvez um novo padrão de pensamento a frente de um clube que chegou a beira do caos?
De 2000 a 2003, foram 107 jogos entrando em campo com a camisa Tricolor. Em 2019, a missão de Fernando Diniz é fora das quatro linhas. Seja bem-vindo de volta, Professor! >> https://t.co/0QoPaFPtNb #VamosFluzão pic.twitter.com/qimt56ZS8o
— Fluminense F.C. (@FluminenseFC) December 19, 2018
Em fria e rápida análise, quando um time muda de treinador e vê os resultados de sua equipe melhorar, todos concluem que tomou a decisão certa sem contar qualquer outro fator mais profundo.
E com toda a certeza, esse raciocínio pode explicar a crença generalizada no mundo do futebol de que demitir o treinador seja a salvação ou perdição de tudo.
O fato é que, Diniz é figura conhecida e compreendida no FLU e apesar de não ter acumulado títulos expressivos em sua carreira brilhou com sua ideia a frente do Audax. Diga-se de passagem, naquele momento, um time sem estrelas.
No entanto precisamos lembrar que o Audax, é um time “sem torcida” e sem dúvidas sem tanta pressão. Portanto, tempo e confiança foram fatores que colaboraram para que seu trabalho se desenvolve-se com sucesso.
Diniz, precisa de PACIÊNCIA.
EFEITO FURACÃO
A revolta da torcida atleticana é enorme quando se trata de comentários a respeito do trabalho deixado pelo técnico. Não há menor chance de que alguns torcedores vejam com bons olhos algumas características mantidas por Tiago Nunes.
E se tratando de torcida, a emoção dos torcedores sempre dificulta as atividades. No Furacão, mudanças táticas e adaptação em posições enraiveceram a torcida que não souber ter paciência para compreender a filosofia o treinador.
Porém, a cegueira não faz bem para o nosso futebol – passional por demais.
Diferente e problemas: o estilo de Fernando Diniz que chega ao Flu https://t.co/8UlPgeWS1w pic.twitter.com/8RpTYd266M
— Lance! (@lancenet) December 23, 2018
Com a crescente midiatização, o treinador tornou-se uma figura cada vez mais vulnerável. No início da temporada, Diniz chegou a ser considerado a sensação da temporada. Após algumas derrota era um “desequilibrado”, por consequência, o “apaixonante” toque de bola passou a ser loucura e as análises estapafúrdias começaram a surgir.
A CULPA É DO TREINADOR?
Com toda certeza, o sucesso de um treinador está no sucesso dos seus jogadores. Ele é o primeiro defensor de seus melhores jogadores e trabalha para torná-los melhores individualmente e coletivamente. Em uma situação de falha, no entanto, o técnico é “demitido”; o jogador é “transferido”.
Para uma nova cultura, é preciso entendermos que o futebol – nossa paixão nacional – não é uma ciência exata. Por mais que se planeje o ano, contratem-se bons jogadores, não há como ter certeza de títulos nos campeonatos disputados.
A torcida não tem papas na língua, portanto, fala com base na circunstância. O torcedor, avalia o resultado de momento que, se negativo, instiga uma tempestade de opiniões trovejantes com análises muitas vezes sensacionalistas e sazonais.

Larini/Ofotografico)
O desfecho do campo nem sempre acompanha a ideia que os torcedores têm a respeito da instituição, embora a desolação afete outros projetos.
E foi assim, mesmo contra a vontade e sob juras de amor do cartola, Mário Celso Petraglia, que Diniz, se foi. O treinador perdeu a batalha ao enfrentar um sistema de pouca cultura que é capaz de derrubar até o maior dos gigantes, isto é, um sistema completamente passional.
Por fim, para ter sido aceito Diniz precisaria de um resultado rápido ou de uma mudança em seu discurso, e obviamente não o fez. Preferiu pagar com o preço do seu emprego e defender aquilo que acredita: um futebol mais bonito e humano.
Um bom motivo para acreditar e apoiar quem ainda sonha em transformar o futebol em algo digno.
Com todo o respeito aos demais: Diniz, não souberam lhe amar.