Fortaleza de Rogério Ceni: a surpresa do Brasileirão

O chegou ao fim no último final de semana e com ele começam a surgir as análises de desempenho e quais foram os destaques da competição. Assim, uma das grandes atrações desse certame foi a participação do Fortaleza comandado pelo ídolo são-paulino Rogério Ceni. Da Série C em 2017, passando pelo título da Série B em 2018, o clube vai jogar a Copa Sul-Americana, em 2020, pela primeira vez. Dessa forma, um feito memorável que atesta o grande ano do Leão do Pici e revela o ex-goleiro como um promissor técnico no mercado brasileiro.

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Sendo assim, para entender como o clube cearense chegou ao momento atual, é necessário remontar dois anos atrás. Após oito anos, o Fortaleza conseguia, enfim, deixar a Série C do Campeonato Brasileiro ao superar o Tupi, em Juiz de Fora. Logo, para 2018, no ano do centenário, a equipe fez um investimento alto e ousado trazendo o recém aposentado dos campos, Rogério Ceni, para comandar o clube no estadual e na Copa do Nordeste. De volta a Série B, não somente subiu a equipe com quatro rodadas de antecedência, como foi campeão nacional. Em 2019, além do título estadual, conquistou o Nordestão, pela primeira vez.

A CAMPANHA NO RETORNO À SÉRIE A

Dessa maneira, na Série A, o objetivo era claro: permanecer na elite. Logo na estreia sofreu uma goleada de 4 x 0 para o Palmeiras e enxergou a realidade. Assim, o clube demorou a emendar vitórias, por isso ocupou a zona do rebaixamento por duas rodadas. Posteriormente, superada esta fase, o esquema tático começou a dar frutos, especialmente com os gols de Wellington Paulista. Em maio, no primeiro encontro do Fortaleza com o São Paulo, as torcidas fizeram uma bonita homenagem ao ídolo em comum com um super mosaico. No entanto, os cearenses perderam a invencibilidade de 12 jogos na Arena Castelão.

Assim, o clube foi para a parada da Copa América já fora da zona da degola e em alta no Brasileirão. Na volta, após uma boa sequência de resultados, veio a derrota no Clássico-Rei, que serviu de estopim para a saída do técnico para o Cruzeiro. Pouco mais de 24 horas depois, o Fortaleza anunciava Zé Ricardo para o comando técnico. Nessa altura, a equipe já havia voltado a se aproximar da zona do descenso e a missão do novo treinador era ingrata. Contudo, sob novo comando, o desempenho caiu com quatro jogos sem vencer e duas derrotas consecutivas em casa. Logo, não durou muito e foi demitido.

A segunda passagem

Para o seu lugar, um velho conhecido: Rogério Ceni. Após menos de dois meses em Belo Horizonte, o ex-goleiro decidiu voltar depois de desentendimentos com jogadores e membros da diretoria cruzeirense. Coincidentemente, sua chegada elevou o nível de rendimento de vários jogadores, entre eles, o atacante Osvaldo. Foi nesse período que o Leão do Pici engatou seus melhores resultados. Finalmente, em novembro, o último Clássico-Rei apontou o destino dos rivais na Série A. Com a vitória, o Fortaleza iniciou uma sequência de sete jogos sem perder, que dura até hoje, inclusive com cinco vitórias.

O FORTALEZA DE ROGÉRIO CENI

No entanto, a permanência do campeão da Série B do ano anterior não é fato raro na era dos pontos corridos, onde apenas três equipes foram rebaixadas nessa condição. Foram os casos do Joinville, em 2015, do Atlético-GO, em 2016 e do América-MG em 2018. Apesar da excelente campanha sob o comando de Ceni que levou o clube ao 9º lugar e a vaga inédita à Copa Sul-Americana, as melhores campanhas de retorno à Série A pertencem ao Grêmio e ao Athletico-PR. Em 2006 e 2013, respectivamente, as equipes terminaram a competição na 3ª posição e garantiram vaga na Libertadores da América após voltar da Série B.

Logo, para alcançar o feito, Rogério Ceni mexeu pouco nas peças. Dessa forma, manteve o esquema tático consolidado em um 4-2-4, mas contou com a chegada de Romarinho e a melhora de rendimento de Osvaldo para garantir as vitórias que faltavam. Assim, os dois atacantes caiam bem em velocidade como verdadeiros pontas e serviam Wellington Paulista na área, outro pilar ofensivo com 13 gols marcados. Com estilo reativo, fora de casa, os cearenses conseguiram pontos fundamentais para a permanência na elite.

O trabalho nos bastidores…

No entanto, isso não teria guarida sem um grande trabalho nos bastidores costurado bem antes com uma nova visão por parte da diretoria na gestão do clube. Em 2018, embalado pelo ano do centenário, o clube contratou uma empresa de consultoria para replanejar as finanças do Leão do Pici. Assim, com foco mais profissional, os cearenses passaram a gastar menos do que arrecadam, ampliaram receitas e realizaram mudanças estruturais na sede do clube. Algo que se traduz em melhores resultados dentro de campo, com organização politica e financeira, os próximos anos são de grande potencial e futuras conquistas para o Fortaleza.

Foto Destaque: Reprodução / João Dijorge / Jovem Pan

Ricardo do Amaral

Ricardo do Amaral

"Alvíssaras! Sou Ricardo Accioly Filho, pernambucano de 29 anos, advogado e estudante de jornalismo pela Uninassau. Tenho como mote que “no futebol, nunca serão apenas 11 contra 11”; é arte, é espetáculo, humanismo, tem poder de mover multidões e permitir ascensões sociais. Como paixão nacional do brasileiro, o futebol me acompanha desde cedo, entretanto como nunca tive habilidade para praticá-lo, busquei associar duas vertentes de minha vida: o prazer pela leitura e o esporte bretão. Foi nesse diapasão que encontrei no jornalismo esportivo o elo de ligação que me leva a difundir e informar o que, nas palavras de Steven Spielberg, é o “mais belo espetáculo de imagens que já vi”."