Everaldo Marques da Silva, mais conhecido como Everaldo, é considerado um dos maiores laterais-esquerdos da história do futebol brasileiro. Nascido em Porto Alegre no dia 11 de setembro de 1944, o Estrela Dourada, como fora apelidado, iniciou sua carreira de grande sucesso no Grêmio, aos 13 anos, em 1957. Assim, em sua primeira passagem pelo Tricolor, o jovem promissor passou sete anos nas categorias de base do clube. Entretanto, em 1964, foi emprestado ao Juventude e lá jogou por duas temporadas.
Posteriormente, em 1966, Everaldo retornou ao Grêmio e de lá nunca mais saiu. Foram oito temporadas defendendo o . O lateral disputou 372 jogos oficiais e marcou dois gols. Entretanto, durante toda a sua trajetória como atleta, o Estrela Dourada sempre esbanjou técnica, virilidade e excepcional qualidade. Além disso, sua personalidade discreta também era característica de seu jogo em campo. Um dos poucos laterais daquela época que cumpria muito bem a função de marcar.
Everaldo: peça fundamental para o tri mundial
Foi jogando pelo Imortal onde mais se destacou em toda a sua trajetória como jogador. Conquistou três vezes o Campeonato Gaúcho, entre os anos de 1966 e 68. Além desses, Everaldo ganhou a Copa Rio Branco, em 1967, em sua primeira convocatória para a Seleção Brasileira. A sua brilhante participação no torneio garantiu sua vaga no selecionado canarinho que disputaria as Eliminatórias para a Copa do Mundo de 1970, no México.
Em terras mexicanas, foi fundamental para que o esquema de jogo de Zagallo fosse bem implementado. Como era mais um “lateral-base” do que apoiador, seu suporte defensivo foi importante para que Carlos Alberto Torres tivesse liberdade para atacar na outra ala. Todavia, mesmo não apoiando tanto, o Estrela Dourada cumpria função tática importantíssima ao lado dos zagueiros brasileiros para que nossa defesa não sofresse com os contra ataques adversários.

Como mostra a imagem acima, Everaldo não era de subir, sequer passava do meio-campo, pois os meias brasileiros subiam ao ataque em demasia. Se não fosse a forte disciplina tática de nosso lateral esquerdo, talvez nem chegaríamos às finais daquele Mundial. Porém, com sua alta capacidade de leitura de jogo e posicionamento, chegamos ao tri em terras Aztecas.
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Honrarias e a estrela dourada na bandeira do Tricolor
Imagine esta história: um pai e um filho estão agarrados ao alambrado da Arena do Grêmio e acompanham tranquilamente um treino da equipe. Entretanto, o menino olha para cima e se depara com uma gigantesca bandeira gremista hasteada e tremulando no alto do mastro localizado junto à Rótula do Papa. Curioso, o garoto volta a seu pai e pergunta: “Pai, o que significa aquela estrela dourada na bandeira do Grêmio?”, rapidamente, o mais velho responde: “É para comemorar o título mundial de 1983, meu filho”.
Esse pequeno conto pode até ser mentira. Todavia, o engano em relação à estrela que brilha no pavilhão do Imortal acontece repetidas vezes, inclusive entre os mais aficionados torcedores do Tricolor. Na realidade, a estrela dourada na bandeira é uma homenagem ao lateral. O único jogador gremista da história a fazer parte da inesquecível Seleção Brasileira tricampeã da Copa do Mundo de 70.
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A empolgação da torcida gremista com o êxito obtido pelo jogador na vitoriosa campanha do tricampeonato foi tamanha que, em seu retorno à Porto Alegre, logo depois da conquista, a torcida saiu às ruas da cidade para comemorar. Naquela época, o fato foi considerado uma das maiores demonstrações de carinho e reconhecimento já feitas a uma personalidade do Estado do Rio Grande do Sul.
No dia 30 de junho de 1970, apenas seis dias após seu retorno do México, o Conselho Deliberativo do Grêmio, em uma sessão solene, perpetuou oficialmente a figura de Everaldo na história do clube. Foi dedicado ao atleta a famosa estrela dourada na bandeira. Na ocasião, o jogador recebeu também o título de Atleta Laureado além de duas cadeiras quitadas na Arena do Grêmio.
O adeus precoce
A história do futebol brasileiro nos conta que jovens e promissores jogadores nos deixaram cedo demais. Assim foi com Dener e também com nosso querido Everaldo. No auge dos seus 30 anos de idade, mais precisamente no dia 27 de outubro de 1974, ao retornar de uma viagem ao interior do Rio Grande do Sul, o Estrela Dourada nos abandonou.
Everaldo Marques da Silva acabou falecendo em um acidente automobilístico. Seu carro, um Dodge Dart, acabou colidindo diretamente com um caminhão. O veículo fora um presente de uma concessionária de Porto Alegre, pelo tricampeonato conquistado na Copa do Mundo de 70.
A viagem era um retorno para casa após um comício na cidade, em sua campanha para deputado federal pelo partido ARENA. A eleição de Everaldo para a Assembléia Legislativa do Rio Grande do Sul era dada como certa. Entretanto, não foi assim que o destino quis. No acidente, morreram também sua esposa Cleci, sua irmã Romilda e sua filha Deise.
Apesar de sua morte precoce, sua perda não foi suficiente para apagar as lembranças de um jogador exemplar dentro e fora do campo. Abaixo, acompanhe na íntegra o programa especial do RBS Esporte que abordou aspectos da vida de Everaldo: o jogador que virou estrela.
https://www.youtube.com/watch?v=9nfqHxpr7Yo
Foto em destaque: Reprodução/Terceiro Tempo (UOL)

