O Corinthians anunciou a sua 3ª camisa para a temporada 2023, e o uniforme faz uma linda homenagem a um dos marcos mais importantes do time e do país. O manto faz alusão ao comício realizado no Vale do Anhangabaú, em São Paulo, pedindo pelo fim da Ditadura Militar, em um movimento conhecido como “Diretas Já”.
Apesar da nobreza da referência a este fato histórico tão importante para o Brasil, a torcida na internet não ficou lá muito satisfeita com a cor da camisa, predominantemente amarela, e que chegou a ser confundida com o verde nas primeiras imagens que foram vazadas há algumas semanas.
A cor da nova camisa do Corinthians é também uma referência a roupa utilizada pelos integrantes do movimento na data do dia 16 de abril de 1984. Na ocasião, símbolos da história corintiana como o Dr Sócrates e Wladimir, maior lateral-direito da história do clube, ao lado da cantora Rita Lee, fizeram parte do movimento, que fez com que o país voltasse a ter eleições diretas.
Pouco tempo antes, em 1982, o mesmo Corinthians protagonizou mais um movimento importante no futebol, no que foi conhecido como “A Democracia Corintiana”. Comandados pelo técnico Jorge Vieira, os jogadores tinham total liberdade para abordar o que era, ou não, certo em campo. O comando técnico era respeitado, mas acima de tudo a vontade do jogador também.
Quando esse time aparece no Vale do Anhangabaú, algo histórico acontece. Nos anos 80, um movimento de resistência.
Hoje, o lançamento da nova camisa III do Corinthians. Inspirada em um dos momentos mais marcantes da história do clube e do país, o novo manto do Timão já tá… pic.twitter.com/ogjRBIonVu
— Corinthians (@Corinthians) September 20, 2023
Torcedores do Corinthians no Twitter se dividem em relação ao 3º uniforme
Parta da Fiel Torcida curtiu, outra parte nem tanto, o 3º uniforme apresentado pelo Corinthians na tarde desta quarta-feira (20). As cores não lembram nem um pouco as tradicionais do clube, porém o movimento que ela representa foi um ponto positivo trabalhado pelo marketing corintiano.
Na publicação oficial do Alvinegro anunciando a camisa número três, ainda houve relatos de torcedores indignados com a posição do time na tabela do Campeonato Brasileiro, e aproveitaram para criticar a atual gestão.
Já outros internautas aproveitaram a deixa para ironizar a divulgação feita pelo Timão, e associar a camisa ao uniforme utilizado pela arbitragem do Brasileirão, que também utiliza o amarelo em alguns jogos.
A luta do Corinthians pela democracia é um dos episódios mais lindos da história do clube. Eu sinto muito orgulho e tô amando esse momento de rememorar os marcos com as camisas.
Viva a democracia corinthiana!
— Amanda Porfirio 📝📚 (@amandaporfirios) September 20, 2023
Tá linda, para uma camisa do Palmeiras..
Diretoria incompentente e presidente bunda mole da nisso aí mesmo! Vi o Jô ser execrado por uma chuteira, mas essa camisa tá liberado! Estão acabando com o clube e a “torcida” da democracia tá batendo palmas!— André (selo azul) #ForaDuílio (@RockandSkate13) September 20, 2023
Linda homenáj pic.twitter.com/ZGAhubRijX
— mauro diacrônico (@diacronico) September 20, 2023
Como o Corinthians influenciou a política do país entre 1982 e 1984?
Tradicionalmente conhecido como “o time do povo”, o Sport Club Corinthians Paulista sempre foi considerado o clube das minorias, do povo menos abastado financeiramente, e que como bom brasileiro, batalha muito para conquistar seus objetivos.
O Timão passou 23 anos na fila por um título, entre 1954 e 1977, quando Basílio, o “Pé de Anjo”, escreveu seu nome na história do Corinthians, e tirou o time do jejum de troféus, quando conquistou o Campeonato Paulista diante da Ponte Preta no Morumbi.
Apesar do longo período sem títulos, a torcida corintiana aumentou consideravelmente, principalmente pelo povo se identificar com a luta do clube, que era a mesma de grande parte da Fiel no dia a dia. Dois anos mais tarde, em 1979, Sócrates Brasileiro Sampaio de Souza Vieira de Oliveira, ou somente Sócrates, chegava no Alvinegro de Parque São Jorge para revolucionar como o Corinthians era visto.
Não só em âmbito estadual, mas também no cenário nacional. Já em seu 1º ano de clube, o Dr. Sócrates, como carinhosamente era apelidado pelo locutor esportivo Osmar Santos, o “Pai da Matéria”, venceu o Campeonato Paulista, e três anos depois, em 1982, protagonizaria um gigantesco feito em favor da democracia.
Ao lado de Casagrande, Wladimir, Ataliba e companhia, a Democracia Corintiana era instituída, e com o bi-campeonato Paulista de 1982 e 1983 diante do São Paulo, uma mobilização em torno deste movimento chegou ao alto escalão da política, dominada pela Ditadura Militar.
Foi dessa forma que a liberdade de voto foi instituída de volta no país, e o Corinthians se consolidou como um clube que luta pelos direitos dos menos favorecidos. O engajamento de Sócrates com a política e as causas sociais da sociedade na época, inflamaram o sentimento do povo, que usou o futebol como forma de expressão, e devolveu a liberdade de expressão à sociedade.