
A coluna Papo Azteca dessa semana traz a história do Parque Asturias, um famoso estádio mexicano que pegou fogo no final da década de 30 e pôs fim aos estádios de madeira, maioria na época. O duelo em questão era palco de uma decisão do Campeonato Mexicano, arbitrada pelo icônico Fernando Marcos.
O embate da fatídica história que teve um marco no México foi entre Asturias x Necaxa, que disputavam a 15ª rodada do torneio que contavam com sete times. Na ocasião, os times disputavam as primeiras posições, afinal, o Asturias era o líder com 13 pontos contra 10 do Necaxa. Os visitantes precisavam vencer para continuar com aspirações de título no campeonato. Mas, não foi bem assim que aconteceu.
O início do Parque Asturias
Nos anos 30, o fluxo de público nas partidas do futebol mexicano começou a exceder a capacidade dos estádios da capital. Nem o Parque Necaxa, nem o novo Parque España foram suficientes para acomodar o crescente interesse dos torcedores pela Liga Mayor (Liga Mexicana). Assim, em 1936, o Club Asturias decidiu construir seu próprio estádio na estrada de Chabacano.
A capacidade era para cerca de 22 mil pessoas, o que não era uma solução para a imensa demanda, já que, desde sua inauguração, registrou uma superlotação de milhares de fanáticos nas tribunas. As medidas de segurança nos antigos estádios de madeira eram fracas e algum tipo de incidente era registrado continuamente. Entretanto, em 26 de março de 1939, aconteceria no fatídico incêndio de 1939.

O fatídico jogo
Necaxa e Asturias jogavam uma partida crucial para definir o futuro do campeonato. Antes do embate os torcedores de ambas as equipes se envolviam em confusões e trocavam insultos. O estádio estava completamente cheio. Em campo pelos Eletricistas, estava o jovem astro, Horacio Casarín.
No início da partida, Carlos Laviada cometeu uma falta no joelho de Casarín, o jogador mais perigoso dos necaxistas. Porém, isso não impediu o impediu de marcar o primeiro gol a favor de Necaxa. Minutos depois, León II bateu em Casarín novamente. Aos 20 minutos, o zagueiro Jose Soto chutou seu joelho, impossibilitando-o de seguir no encontro.
Vítima de entradas duras feitas pela defesa asturiana, Casarín foi retirado do campo e afastado do futebol por mais de um ano. Isso irritou os torcedores que estavam começando a acender fogos de artifício para comemorar o gol. Os mandantes empataram, mas logo o Necaxa virou novamente. Minutos antes do apito final, uma penalidade foi marcada a favor do Astúrias, que acabaria empatando o jogo.
Os fãs necaxistas, enfurecidos com o que consideraram um resultado injusto, atearam fogo nas arquibancadas. O fogo se espalhou rapidamente, alcançando o relógio e o marcador, ambos consumidos pelas chamas.
Parque Astúrias: pós-incêndio
A chegada dos bombeiros não pôde impedir que o acidente acabasse varrendo completamente o Parque Asturias. Uma hora depois, o local se transformou em escombros, vigas de madeira e fumaça, cinzas por toda parte. Era o fim do maior estádio de futebol do México. A imprensa culpou o que aconteceu ao árbitro Fernando Marcos, que, por sua vez, culpou os torcedores da República Espanhola por um ato de sabotagem contra clubes leais à Coroa.
Embora tenha sido reconstruído e continuado em operação por mais alguns anos, o incêndio do Parque Asturias simbolizou um antes e um depois no futebol mexicano. Portanto, a partir desse momento, encerrou-se a era dos estádios de madeira, para dar entrada aos novos estádios de concreto. Assim, no final do campeonato, o Asturias sagrou-se campeão mexicano.
Foto destaque: Reprodução/Arquivo Asturias