
Suspensos do futebol por abuso de poder, conflito de interesses e gestão desleal, os presidentes da Fifa, Joseph Blatter, e da Uefa, Michel Platini, tentaram, em vão, reverter a punição. O máximo que conseguiram, em decisão anunciada ontem pelo Comitê de Apelações da Fifa, foi a redução da pena. Antes eles ficariam afastados por oito anos. Agora será por seis, a contar de 21 de dezembro de 2015, data da primeira sentença.
Platini e Blatter foram banidos devido a um pagamento de 1,8 milhão de euros (quase R$ 8 milhões) feito pelo suíço ao francês em 2011. Platini alega que o dinheiro corresponde a serviços de assessoria e consultoria prestados por ele à Fifa entre 1999 e 2002. Segundo o dirigente, foi um acordo verbal, sem contrato por escrito.
As investigações, no entanto, encontraram indícios de que o dinheiro, na verdade, serviu como pagamento de propina a Platini para que desistisse de sua candidatura a presidente da Fifa em 2011 e deixasse caminho livre para mais uma reeleição de Blatter.
De acordo com comunicado do Comitê de Apelações, os recursos de Blatter e Platini foram aceitos em relação ao artigo 21 do código de ética da Fifa, que trata de suborno e corrupção. No entendimento do comitê, não há no processo provas suficientes de que eles tenham cometido esse crime. No entanto, os dois dirigentes tiveram seus pedidos de suspensão da pena recusados em relação aos artigos 13 (condutas das regras gerais), 15 (lealdade), 19 (conflito de interesses) e 20 (oferecer e aceitar presentes e outros benefícios).
Os serviços prestados por Blatter e Platini ao futebol foram, ainda segundo o comitê, motivos para atenuar as penas inicialmente impostas. “Alguns fortes fatores atenuantes para Platini e Blatter não foram levados em conta quando da determinação da punição”, diz a sentença emitida pelo comitê. O texto prossegue com a explicação: “O Comitê de Apelação considerou que as atividades de Platini e Blatter e os serviços que prestaram à Fifa, à Uefa e ao futebol, em geral, ao longo dos anos, merecem o devido reconhecimento como um fator atenuante”.
Será que a FIFA já está colocando panos quentes neste caso? A corrupção no futebol não é de hoje. Talvez essa pena vá diminuindo, diminuindo, até terminar tudo em pizza.