Munique, 19 de maio de 2012. A Allianz Arena seria palco da grande decisão da 57ª edição da Liga dos Campeões. De um lado, sob o comando de Jupp Heynckes, Robben, Müller e Ribéry defendiam o Bayern de Munique. Frente aos alemães, um Chelsea recheado de grandes nomes como Lampard e Drogba. Enquanto os Bávaros iam em busca do 5º caneco, os ingleses lutavam pela primeira conquista.
LEIA MAIS
- Leverkusen 2001/02: quase campeão de tudo
- Eurocopa: relembre o primeiro título alemão
- Alemanha e sua primeira participação em Copas do Mundo
Em um jogo recheado de emoções, os Blues mostraram-se os verdadeiros azarões do torneio. Assim, quando o torcedor desacreditava, a equipe provava que tudo seria possível. Após Müller balançar as redes aos 37 minutos da etapa final, o duelo parecia definido. Mas a alegria alemã não durou muito tempo. Isso porque Drogba foi o responsável por deixar a Allianz Arena em silêncio seis minutos depois.
Após levar o jogo para a prorrogação, o marfinense derrubou Ribéry na área e deixou o torcedor inglês desesperado. Na marca do pênalti, Robben. Por ironia do destino, o holandês – que fazia uma excelente partida – foi o algoz do Gigante da Baviera ao ter a cobrança defendida por Peter Cech. Era tudo o que o Chelsea precisava para crescer ainda mais na partida e levar a decisão para as penalidades máximas. Na marca do cal, Olic e Schweinsteiger foram os vilões da Alemanha, ao passo que Cech e Drogba foram vitais para o resultado final: Chelsea 4 x 3 Bayern.
Enquanto os Blues conquistavam a Europa pela primeira vez, os Bávaros amarguravam a derrota e a seca de quase 15 anos sem levantar a Orelhuda. De nada teria adiantado eliminar o Real Madrid em pleno Santiago Bernabéu? E a goleada de 7 x o sobre o Basel, teria sido em vão?
Índice
A VOLTA POR CIMA
Ao contrário do que muitos esperaram, o Bayern não deixou que a crise se instaurasse e dominasse o clube. Sendo assim, os primeiros passos para um recomeço foram manter o experiente Jupp Heynckes e a base do elenco da temporada anterior. Além disso, os Bávaros fizeram questão de adicionar algumas peças pontuais e reforçar o plantel remanescente. Foram elas: Shaqiri, Dante, Javi Martínez e Mandzukic. Com isso, o clube pôde usar e abusar dos pontas, além de aprimorar a pontaria – fator que fora duramente criticado na temporada anterior.
Logo na primeira decisão, os Bávaros enfrentaram o rival Borussia Dortmund pela Supercopa da Alemanha. À época, o time da Baviera ostentava sequências terríveis contra os Aurinegros. Contudo, o clube conseguiu dar fim aos maus resultados e saiu vitorioso pelo placar de 2 x 1 – com gols de Müller e do novato Mandzukic. Pouco tempo depois, Robben foi vítima de uma lesão que o tiraria de momentos importantes na temporada. Com isso, Heynckes adaptou a equipe com três homens no meio de campo (Martínez, Kroos e Schweinsteiger) e três no ataque (Ribéry, Müller e Mandzukic).
Bundes-Bayern
O Campeonato Alemão tinha como vencedor o Borussia Dortmund. Sem se deixar abalar, o clube de Munique estreou com o pé direito e garantiu os três pontos nos oito primeiros confrontos do torneio. Foi um início avassalador. A primeira derrota veio justamente na nona rodada, quando o Bayer Leverkusen triunfou por 2 x 1. Contudo, o episódio não passou de um deslize na incrível trajetória bávara. Assim, a partir da rodada subsequente, o Bayern não perdeu um jogo sequer e quebrou uma série de recordes inacreditáveis.
Ao fim das contas, o clube vermelho e branco chegou à glória com seis rodadas de antecedência e 91 pontos – quebrando o feito Aurinegro da temporada anterior, 81. Até os dias atuais, este é o maior número de pontos conquistados por um clube na Bundesliga. Desde então, o Campeonato Alemão não vê outro vencedor senão o Gigante da Baviera.
Lista de recordes quebrados pelo Bayern de Munique na Bundesliga 2012/13
- Maior número de pontos em uma temporada: 91
- Maior vantagem para o segundo colocado: 25
- Time campeão com maior antecipação: 6 rodadas
- Maior tempo na liderança: Todas as rodadas
- Número de vitórias: 29
- Maior número de vitórias consecutivas: 14
- Menor número de derrotas: 1
- Menor número de gols sofridos: 18
- Número de jogos sem levar gols: 21
- Maior saldo de gols: +80
- Número de vitórias fora de casa: 15
- Maior número de pontos conquistados fora de casa: 47
- Melhor início de temporada: 8 vitórias
A TRAJETÓRIA DO BAYERN CHAMPIONS LEAGUE
A conquista da Bundesliga não seria suficiente para eliminar o fantasma da temporada anterior. Visando levantar a Orelhuda, o Bayern deu início à trajetória na Liga dos Campeões no Grupo F – composto por Valencia, Lille e BATE Borisov. Ao todo, os Bávaros acumularam 13 pontos – foram quatro vitórias, um empate e uma derrota. Apesar de ser um grupo considerado fácil, o clube da Baviera foi surpreendido logo na segunda rodada. Na ocasião, a equipe viajou até Belarus após ter vencido os espanhois por 2 x 1. Esperando um confronto sem muita dificuldade, o esquadrão acabou derrotado por 3 x 1.
Apesar do resultado, os alemães não se deixaram abalar e garantiram a classificação em primeiro lugar. Na fase de mata-mata, o primeiro adversário enfrentado pelo Bayern de Munique foi o Arsenal. Na partida de ida, os ingleses sequer puderam respirar e foram massacrados pelo placar de 3 x 1 – com gols de Müller, Mandzukic e Toni Kroos. Em contrapartida, na volta, os Bávaros relaxaram e foram batidos, por 2 x 0, dentro de casa. Entretanto, o resultado não foi suficiente para levar os Gunners à fase seguinte.
Nas quartas-de-final o adversário foi a Juventus. Com uma campanha invejável, os italianos estavam invictos na competição. Entretanto, bastou dois minutos na Allianz Arena para que o Bayern mostrasse seu valor. Logo no início do primeiro confronto, Alaba balançou as redes e Müller completou na etapa final. Em Turim, Pizzaro e Mandzukic fizeram mais dois e levaram os alemães à semifinal.
O adeus do Barcelona de Messi
A um passo da final, o Bayern de Munique teria um duro oponente nas semifinais. Para tentar levantar o caneco, o plantel de Jupp precisaria mandar para casa o clube que ditava os padrões do futebol mundial. Parecia impossível, mas o impossível aconteceu.
Os catalães mantiveram o estilo de jogo esperado: toque consistente de bola. Contudo, os toques não chegavam ao gol. Enquanto isso, os alemães usavam da inteligência e desarmes precisos de Schweinsteiger e Javi Martínez, enquanto Robben e Ribéry levavam perigo ao gol de Victor Valdés. Aos 25 minutos da etapa inicial, Müller abriu o placar e trouxe esperança ao torcedor da Baviera. Na volta do vestiário, Mario Gomez ampliou e Robben consolidou a goleada com uma pintura. No fim do duelo, o camisa 25 fez seu segundo e deu números finais ao massacre: 4 x 0.
Só um milagre tiraria a classificação dos Bávaros. O jogo de volta contou com um Barça esperançoso e um estádio lotado. Contudo, sem Messi, o clube espanhol se mostrou apático e não foi páreo para a força alemã. Dessa vez, Arjen Robben abriu os trabalhos logo aos três minutos. Quem ampliou foi Piqué, após cortar errado e mandar direto para dentro do próprio gol. O zagueiro tentou amenizar a situação alguns minutos depois, mas deu uma bola de presente para Thomas Müller fazer o terceiro. Era um chocolate em pleno Camp Nou. O Bayern, então, revisitaria a final da Champions League.
A GRANDE FINAL ALEMÃ
Em busca da redenção, os Bávaros – por ironia do destino – teriam pela frente o Borussia Dortmund na primeira final alemã da história. Por um lado, o Bayern estava com força total e sem quaisquer desfalques. Enquanto isso, os Aurinegros não poderiam contar com Mario Götze – que alegara lesão, mas na verdade havia sido vendido ao próprio rival. O Gigante da Baviera queria, a todo custo, provar a força de seus atletas, enquanto Heynckes buscava o maior número de títulos possíveis antes de deixar o cargo para Pep Guardiola.
Sediado no Wembley, o duelo teve início com domínio do Borussia – que esbarrava no sólido Manuel Neuer. O protagonismo vermelho e branco teve início apenas a partir da etapa final. Assim, aos 15 minutos, Mandzukic recebeu a bola após bela jogada de Robben e Ribéry e abriu o placar. Todavia, a alegria bávara não durou muito tempo. Isso porque alguns minutos depois o brasileiro Dante foi infeliz ao fazer um pênalti bobo em Marco Reus. Na marca do cal, Gundogan bateu e empatou para o Dortmund.
Tudo indicava que a partida tomaria os mesmos destinos do ano anterior. Porém, Robben – taxado de pé frio por muitos anos – não queria mais correr riscos. E brilhou. Com isso, aos 44 minutos, o holandês recebeu um passe incrível de Ribéry e chutou fraco, mas certeiro, no canto do goleiro. Foi o adeus da era de vice-campeonatos e da zika pairando sobre o clube da Baviera. Na noite do dia 25 de maio de 2013 o Bayern conquistava o pentacampeonato europeu. Mas o plantel não parou por aí.
O DER TEBLE DO BAYERN DE MUNIQUE
Além da Bundesliga e Champions League, os Bávaros disputavam, paralelamente, a Copa da Alemanha – que não foi deixada de lado. No caminho até a final, o esquadrão de Jupp mandou cinco clubes para casa. Foram eles: Jahn Regensburg (4 x 0); Kaiserslautern (4 x 0); Augsburg (2 x 0); Borussia Dortmund (1 x 0) e Wolfsburg (6 x 1). Por fim, o caneco foi disputado com a equipe do Stuttgart.
E foi no dia 1º de junho de 2013 que o Bayern conquistara o inédito e inesquecível Treble, pelo placar de 3 x 2. Ao todo, o clube de Heynckes disputou 54 partidas, das quais venceu 46, empatou cinco e perdeu apenas três. Além disso, o plantel chegou aos 151 gols marcados, contra apenas 33 sofridos – um aproveitamento 85%. Um dos maiores esquadrões da história do futebol mundial!
Base do elenco da temporada do Bayern de Munique:
- Manuel Neuer;
- Philip Lahm;
- Dante;
- Boateng;
- Alaba;
- Martínez;
- Schweinsteiger;
- Müller;
- Ribéry;
- Mandzukic e
- Robben
Foto destaque: Reprodução/ DPA