
E novamente ela está aí, com 47 equipes de dez países lutando, literalmente, pela glória de seu continente. A maior competição das Américas entrará em seu calendário de novo, dessa vez se estenderá até novembro. Com mais clubes, novo formato. Mas com a essência de sempre: com emoções à flor da pele.
Sem esse papo eurocêntrico de que o conjunto “futebol” da UEFA Champions League é melhor que o da provocante Libertadores. Tudo bem que, dentro das quatro linhas, a técnica das rapaziada europeia é melhor que a daqui, porém lá não tem os ingredientes que só são encontrados na América do Sul.
Não se tem aquele belíssimo hino da UEFA, entretanto, tem os empolgantes e motivantes cantos dos fanáticos. Ninguém resiste a um bom “Dá-lhe oh, dá-lhe oh”, seja ele de qual torcida for. Outra coisa: aqui os jogadores vestem as camisas de seus clubes com vontade, não por dinheiro. Aqui mela-se o uniforme com terra, muitas vezes lama. Até porquê os campos da Libertadores não são tão perfeitos como os da Europa, a pouca renda dos times mais pobres não permite. Consequentemente os jogadores sulamericanos precisam desenvolver um dom à mais que os de lá: prever o quique inesperado da bola. Talvez seja esse um dos motivos que o futebol brasileiro é conhecido pela arte da improvisação.
A paixão dos torcedores é tão à flor da pele, que os estádios, principalmente os argentinos, não param de tremer, “pulsar” como os hermanos dizem, o jogo todo. E essa “pulsação” é passada aos jogadores no gramado, o que faz cada um se desdobrar muito mais. A arquibancada também é o palco dos loucos, que, muitas das vezes, sem camisa erguem seus braços em sincronia, sobem no limite do alambrado para gritar e cantar as músicas de seus clubes. Uma atmosfera exclusiva é sentida na “Liberta”. É quase uma selvageria do bem.
E é assim que a Libertadores mexe com o coração. À flor da pele. No limite. Às vezes exageradamente, mas é o que é.