A coluna Master League dessa semana contará a história do Bomba Patch, um dos mais marcantes jogos de futebol de todos os tempos. Adaptado de um game originalmente japonês, o mod criou sua própria identidade brasileira e conquistou o coração de todos que um dia foram donos de um Playstation 2. Então, conheça aqui um pouco de como surgiu essa ideia de tanto sucesso.
Salve pra todos que jogaram o Bomba Patch 24. Quem se lembra? pic.twitter.com/74t5xJ0bXq
— Equipe Bomba Patch (@bombapatchgeo) September 6, 2020
Um jogo que marcou geração
Quem foi dono de um PlayStation 2 sabe bem como era o ritual. Depois de ter ido na banca mais próxima e gastado cerca de 10 reais por 3 jogos, agora restava sentar na frente da televisão e cruzar os dedos para os discos estarem funcionando. Se tudo corresse bem, então uma música tocaria. Uma canção que todos que a escutaram ainda possuem o ritmo na cabeça. Afinal, não é todo jogo de futebol que sempre estava 100% atualizado e ruim de aturar. Esse era o Bomba Patch.
O responsável por marcar toda uma geração foi um dono de locadora formado em Engenharia de Computação, que encontrou em um jogo japonês a chance de fidelizar seus clientes brasileiros. Porém, o tiro foi tão certo que acabou atingindo praticamente todos que já jogaram um jogo de futebol no Playstation 2. Com uma variedade imensa de personalizações, o Bomba Patch ficou para sempre na história.
Allan Jefferson, a mente por trás do Bomba Patch
No início, o Winning Eleven era um jogo todo em japonês, incluindo o nome dos jogadores. Ou seja, para os brasileiros, era muito difícil de se conectar. Então, o dono de um locadora de bairro, Allan Jefferson, decidiu passar os nomes para o português, criando um exclusividade em seu negócio. Apesar da ausência de times brasileiros, essa alteração acabou atraindo mais clientes para a sua lan house.
Para superar a barreira dos times, Allan passou a modificar os times europeu e transformá-los em brasileiros. Por exemplo, o Barcelona era o São Paulo, enquanto o Real Madrid era o Corinthians. O escudo e o uniforme ainda eram dos europeus, mas os jogadores eram personalizados para representarem os do Brasil. Assim, com tudo salvo no Memory Card, surgia o embrião do que, no futuro, seria um dos jogos mais marcantes da história.
Num campeonato de locadora, o nascimento do Bomba Patch
O trabalho de salvar no Memory Card era muito braçal, então Allan percebeu que era possível fazer pelo computador. Assim, o dono da locadora começou a aprender a modificar também uniformes e escudos. Depois de muito empenho e muitos testes, o criador completou os vinte clubes da primeira divisão e organizou um campeonato de estreia, com cada um dos participantes representando uma equipe. Na primeira edição o grande prêmio foi uma bomba de chocolate.
Nas edições seguintes, o dono da locadora passou a investir em prêmios mais modernos, como um um leitor de CDs portátil. Os participantes não faziam ideia, mas presenciavam o nascimento de um dos mais marcantes jogos de futebol de todos os tempos. Assim, começava a se popularizar na região a Copa Bomba, que acabou dando origem ao nome do futuro Bomba Patch.
Popularização por “acidente”
Com o passar do tempo, um tal de “CD do Bomba” começava a ser procurado nas lojas. Assim, sabe-se lá como, a mídia física caiu nas mãos de algum lojista, que passou a comercializá-lo em larga escala. Porém, nem o próprio criador sabia de todo o sucesso que seu produto começava a fazer e, inclusive, havia parado de fazer atualizações no jogo pois havia se mudado para o interior da Paraíba por conta de seus estudos.
Até que ele visitou uma loja de games e se deparou com a sua versão à venda. Quando disse ser o criador daquele jogo, o vendedor ficou extremamente empolgado, pois aquele disco era um dos mais procurados. Então, o dono da loja se ofereceu para bancar os estudos de Allan para que pudesse voltar a se dedicar ao Bomba Patch. Fechada a parceria, a modificação mais conhecida do Brasil começou a crescer como nunca.
A resistência e a comunidade Bomba Patch
Para fortalecer a identidade do Bomba Patch, Allan Jefferson criou uma comunidade para que os jogadores pudessem compartilhar suas personalizações e contribuírem com o jogo. O próprio criador conta como era esse grupo:
“Lá tinha diversos materiais para você criar o seu patch. Suponha que eu já tenha feito o estádio do Maracanã, então qualquer outra pessoa não precisava fazer de novo, porque já tava criado”
Ainda hoje, mesmo com a nova geração de consoles, o Bomba Patch continua vivo e se atualizando. O jogo possui versões em PC e Playstation 4 para o PES2020. Além, de obviamente poder ser encontrado para Xbox 360, Playstation 3, PSP, Android e, é claro, o clássico Playstation 2.
Alguém disse que o Itaquerão agora é o Quimicão? Bomba Patch 100% Atualizado pic.twitter.com/w64rohmtDi
— Equipe Bomba Patch (@bombapatchgeo) September 1, 2020
Foto destaque: Reprodução/Twitter/Equipe Bomba Patch