Uma faixa vermelha transversal em um fundo branco. Barcelona e Real Madrid enfrentariam, no mesmo dia, adversários que levam as mesmas cores. Uma pequena coincidência no meio dessa temporada tão diferente que vive os dois maiores clubes do mundo.
O sol nasce primeiro para o Barcelona. O mundo acorda mais cedo para ver, lá no oriente, o trio MSN ser coroado como os Reis do Futebol. River Plate, o time da faixa vermelha, não foi páreo para o melhor tridente ofensivo do mundo. Não tiveram a menor chance de saírem campeões durante a partida, não impuseram perigo. Neymar fazia fila driblando a zaga inteira do River, Messi comandava o ataque e Luis Suárez fazia juz ao seu apelido: Assassino das áreas.
Uma vitória indiscutível que terminou apenas em 3 a 0. Não marcaram mais por capricho. Não marcaram mais por conta da amizade entre o trio MSN. Após Messi marcar o primeiro e Suárez os outros dois, ficou claro a tentativa do time em deixar uma bola nos pés de Neymar. Queriam ver seu companheiro de time, seu amigo, marcar. Não marcou, mas a equipe levantou a taça na que foi a segunda melhor temporada de sua história, com 5 títulos. O que já é melhor que a melhor temporada da história do Real Madrid.
E é exatamente lá que começa o segundo ato, em Madrid, no Santiago Bernabéu, contra um time da faixa vermelha. Rayo Vallecano de Madrid, um dérbi madrilenho contra um adversário muito mais humilde. O gigante Real precisa vencer. Acabou de ver seu maior rival se tornar tri campeão do mundo e havia perdido semana passada para o Villarreal, ficando mais distante do líder Barça. Equipe questionada, treinador questionado, presidente questionado. Um Madrid vivendo um terrível 2015 em meio a polêmicas.
Um gol relâmpago de Danilo nos minutos iniciais pareciam indicar um jogo fácil, mas o banho de água fria veio nos minutos seguintes. A humilde equipe do Rayo virou o jogo e colocou fogo na partida. Foram 20 minutos de pura pressão, com o time da faixa vermelha chegando na área adversária e querendo o terceiro gol. Nas arquibancadas madridistas já se podiam ver os lenços brancos sendo agitados em forma de protesto, junto com o som das vaias.
O que aconteceu em seguida foi um show de horrores. Tito foi expulso, de forma justa, em uma entrada dura contra Kroos. Com um a menos, o Rayo segurou o quanto conseguiu, mas levou o empate. Aos 30 minutos, o juiz expulsa Baena com o segundo amarelo em um lance injustificável. Uma pequena aglomeração na área foi o suficiente para Iglesias Villanueva mudar completamente o jogo. Viu uma falta que não existiu, que gerou um pênalti que não existiu e uma expulsão não merecida. Com dois a menos, o Rayo não teve condições de enfrentar o Madrid de frente. Levou a virada em uma partida que terminou em 10 a 2. Ainda assim, o valente time da faixa vermelha quase marcou o terceiro gol em duas ocasiões.
Faltou perna, sobrou indignação. Paco Jémez, treinador do Rayo, não poupou críticas: “Fazia tempo que não via algo tão vergonhoso. Nos sentimos humilhados e pisoteados. Os cartões vermelhos foram um assassinato e a partir daí não teve mais partida”, disse o técnico, que agora pode sofrer punição do comitê de arbitragem espanhola por ter dito a verdade após a partida.
Mas nem uma goleada por 10 gols serviu para acalmar os ânimos em Madrid. “Goleada enganosa” e “Pênalti e expulsão que não existiram”, eram algumas das manchetes em jornais como o Marca, um dos mais madridistas da Espanha. É de se perceber que há algo errado quando até mesmo a imprensa de Madrid questiona o time depois de uma goleada dessas, quando normalmente usariam o resultado para tentar ofuscar o título do Barça.
A equipe merengue já está em um ano com tantas baixas e polêmicas que uma goleada dessas não é mais solução, apenas gera mais polêmica ainda, algo que o Madrid está querendo evitar a qualquer custo. O alerta vermelho do clube continua acesso depois do duelo contra o time da faixa vermelha. E as cabeças mais procurados da imprensa madridista são Rafa Benítez e Florentino Pérez, técnico e presidente do Madrid.